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Direto e pesado

As operações de exploração florestal direta da Dalfey se referem a madeira de grandes dimensões e descargas suaves.

— Paul Iarocci

O Uruguai é um país de prados indígenas levemente ondulados, onde pastam 12 milhões de cabeças de gado. Luis Achugar, diretor da empresa de colheita Dalfey S.A. sediada em Rivera, Uruguai, observa que seu país se move em uma direção oposta a muitos outros. Enquanto muitos países estão removendo florestas nativas e de plantação em favor de pastos e terra cultivada, no Uruguai os pastos vêm sendo convertidos em florestas extremamente eficientes de pinheiros e eucaliptos.

Um dos novos forwarders 1075B com aproximadamente 22 toneladas métricas de toras podadas nos fueiros.

Um dos novos forwarders 1075B com aproximadamente 22 toneladas métricas de toras podadas nos fueiros.

A Dalfey contrata a empresa florestal familiar, COFUSA, também sediada em Rivera. A COFUSA tem estado envolvida na plantação e no gerenciamento florestal nos solos arenosos da região Rivera-Tacuarembo do norte do Uruguai desde 1988. O período vegetativo é longo e a pluviosidade anual pode exceder 2000 mm. O total de terras florestais da COFUSA é de 40.000 ha principalmente de espécies Eucalyptus grandis. A URUFOR é a empresa irmã que processa toras das plantações da COFUSA em uma serraria verdadeiramente avançada, produzindo madeira e produtos fabricados de alta qualidade. Estrategicamente situada, a distância de média de transporte para a fábrica é de somente 30 km. As duas empresas empregam mais de 600 pessoas.

O H845C processando no talhão em uma segunda operação de desbaste; o harvester parece pequeno em comparação aos enormes eucaliptos ao redor.

O H845C processando no talhão em uma segunda operação de desbaste.

Luis estudou agricultura em Montevidéu e, nos últimos anos, decidiu se especializar em silvicultura, uma decisão aparentemente estranha no final dos anos noventa, quando o setor florestal uruguaio estava no começo e longe dos atuais 13 milhões de metros cúbicos de corte anual. “Isso foi ainda antes de haver uma fábrica de celulose no Uruguai”, afirma Luis. Mas a decisão mostrou ser presciente. Ele começou trabalhando na COFUSA em 2000, onde ficou por sete anos, passou por vários departamentos e aprendeu sobre plantação, poda, engenharia rodoviária e operações de colheita.

Em 2007, a COFUSA sugeriu que ele se tornasse um empreiteiro de colheita. Foi uma parceria perfeita. Luis entendeu as complexidades da silvicultura, a infraestrutura rodoviária e os procedimentos de colheita e já tinha demonstrado as habilidades de gerenciamento necessárias. Para a COFUSA, contratar um empreiteiro ex-integrante da empresa foi uma grande vantagem, pois ajudou no controle de qualidade da gama de produtos finais, garantindo o abastecimento fundamental de matéria-prima.

A COFUSA mecanizou suas operações de colheita em 2005. Em 2008, durante a fase de pesquisa de novos equipamentos, Luis e Andres Gómez, gerentes florestais da COFUSA, visitaram as instalações fabris da Tigercat e se convenceram de que a Tigercat oferecia uma solução aceitável para as exigências de seu sistema de colheita singular. Em 2009, Luis comprou dois forwarders 1075B, um feller buncher 855C feito sob medida e um harvester H855C. Durante os últimos cinco anos, ele acrescentou mais três forwarders 1075B, outra H855C, uma H845C, um buncher 822C usado e uma carregadeira 220D. Contratando a COFUSA, a Dalfey colhe a maior parte da madeira para serraria e celulose.

Uma parte do sucesso da COFUSA e da URUFOR pode ser explicada por uma matéria-prima homogênea e um controle de qualidade rigoroso ao longo de todo o processo. Poucas empresas no mundo produzem madeira de alto valor a partir de eucaliptos e a COFUSA exerce um controle exigente sobre a cadeira de abastecimento desde a plântula ao depósito de madeira. Por seu lado, a Dalfey garante o abastecimento e a qualidade de toras à URUFOR.

O supervisor, Marcos de Oliveira, com Luis (ao centro) e o operador da H855C, Rolando, em frente ao harvester Tigercat.

O supervisor, Marcos de Oliveira com Luis (ao centro) e o operador da H855C, Rolando.

A história da COFUSA é inspiradora. A empresa começou em 1988. O plano original era cultivar eucaliptos e exportar celulose para a Escandinávia. Em 1992, a família decidiu entrar na atividade de fabricação de madeira para exportação. Na época, essa era uma ideia radical. Outras empresas estavam serrando eucaliptos para paletas, mas ninguém estava procurando produzir madeira de alta qualidade e com certificação FSC para competir com a madeira de lei tropical. Foram realizados uma pesquisa, um desenvolvimento e um investimento consideráveis na serraria da empresa para determinar um método de fabrico de tábuas e produtos preparados capazes de competir com as madeiras de lei tradicionais mais conhecidas.

A COFUSA começou por colher plantações de legado em 1992 e deu início ao desbaste de suas próprias plantações em 2002. A serraria se expandiu rapidamente na última década, acrescentando equipamentos avançados de fábrica alemães e italianos. A oferta de produto e o rendimento diário também aumentaram. A URUFOR exporta tábuas, vigas laminadas e malhetes para diversos usos, como marcenaria, caixilharia, pavimentação, móveis e paletas para mercados na Europa, Ásia, África, Austrália, Oriente Médio e América do Norte. O produto anual da fábrica é de 300.000 metros cúbicos (cerca de 300.000 toneladas curtas).

O problema dos eucaliptos é que eles secam rapidamente, provocando quebras. Por isso, no momento em que o feller buncher corta uma árvore, um cronômetro imaginário começa contando. As toras para serraria dessa árvore devem chegar ao depósito de madeira no prazo de 24 horas após a árvore cair em solo florestal. Essa é a síntese do corte crítico, e a operação mostra a importância da disponibilidade das máquinas e do equilíbrio do sistema.

As operações de colheita

Um dos novos forwarders 1075B da Dalfey. A nova grua da Tigercat está melhorando a produtividade e, neste caso, levantando três toras, enquanto o Loglift manuseia somente duas.

Um dos novos forwarders 1075B da Dalfey. A nova grua da Tigercat está melhorando a produtividade e, neste caso, levantando três toras, enquanto o Loglift manuseia somente duas.

Existem alguns aspectos um pouco exclusivos das operações de colheita da Dalfey. Para entendê-los, é necessário valorizar o processo de silvicultura subjacente da COFUSA, o qual é intensivo. Nos primeiros anos depois da plantação, são aplicados alguns tratamentos com herbicidas e fertilizantes. As podas ocorrem nos primeiros cinco anos, até 10 m de altura. O primeiro desbaste comercial ocorre após sete a nove anos; e entre os treze e quinze anos, um segundo desbaste colhe toras para celulose e para serraria.

Visitamos um segundo desbaste, em uma plantação de 15 anos. Como a maioria da madeira se destina à fábrica de celulose, a operação não é direta e o feller buncher já tinha avançado para outro lugar (a madeira já é muito grande para ser cortada de modo eficaz e eficiente com um harvester). Uma máquina-base harvester de esteira Tigercat H845C equipada com um Log Max 7000 está processando no talhão e um dos forwarders 1075B originais de 20.000 horas extrai toras para celulose de 7 m e toras para serraria de 5 m para a beira da estrada.

Depois desse desbaste, somente 150 árvores por hectare continuam no talhão. A poda e o desbaste intensivos são apoiados por diversos estudos que levam mais aspectos em consideração além do rendimento do volume total do corte final. Como explica Luis, é mais importante aplicar dólares verdadeiros nos produtos finais serrados a partir de madeira maior. “Algumas pessoas perguntam por que deixamos algumas árvores no talhão”, afirma Luis admitindo que o volume global é reduzido. “Mas, em termos de dólares, o valor das árvores com base nos produtos que são serrados a partir delas é otimizado”. Nesse caso, menos é mais.

A COFUSA se beneficia do fato de Luis entender a lógica por trás das decisões e do jogo final. Claro que não é ideal que as máquinas-base Tigercat 855C cortem e processem três e quatro toneladas métricas de árvores todo o dia, mas essas toras enormes para serraria que vão se movimentando pela fábrica enquanto serras e scanners fazem sua mágica representam aquilo que diferencia a COFUSA-URUFOR de todas as outras empresas de produtos florestais no mundo.

Luis em frente a uma tora de eucalipto: o diâmetro da árvore é metade da sua altura.

O corte final ocorre aos 20 anos. Nesse momento, as árvores têm 45 m de altura e o tamanho médio da peça é de 3 toneladas métricas (3,3 toneladas curtas). Podadas aos 10 m, as árvores produzem duas toras limpas de 5 m e três toras não podadas para serraria. O resto das árvores é comercializado para celulose.

A fim de reduzir danos dispendiosos devido a quebras, os monstros devem ser controlados e pousados levemente durante o processo de corte. Isso elimina a possibilidade de usar um cabeçote feller de disco direcional, que evitaria todo o corte duplo e seria bem mais simples para a máquina-base. Ao invés disso, Luis deve usar um feller buncher e uma serra direta para o controle-corte e disposição das árvores. O feller buncher 855C trabalha um turno por dia. Como a operação é tão direta, o buncher não pode estar mais do que um turno à frente do resto da equipe. No total, o 855C trabalhou 6600 horas em somente cinco anos nessa aplicação muito extrema. Inacreditavelmente, os problemas estruturais limitaram-se ao conjunto de cruzeta de 30 graus, que precisou de uma placa de reforço, e a uma lâmina de serra quebrada; Luis não está reclamando.

O buncher dispõe as árvores em um padrão espaçado para que os galhos (os maiores podem ter de 12 a 20 cm de diâmetro) sejam manualmente removidos. Em seguida, o harvester de esteira H855C equipado com um Log Max 10000 processa as árvores grandes. Enquanto observa o operador de harvester, Rolando, lutando com as árvores no limite do talhão, Luis calcula o volume de uma árvore que Rolando acaba de processar. As cinco toras para serraria pesam cerca de seis toneladas métricas e isso não leva em consideração as duas toras para celulose. Dois harvesters trabalham dois turnos por dia, produzindo 450–650 toneladas métricas (500–720 toneladas curtas) por máquina por dia.

Algumas das árvores no limite do talhão são muito grandes. Embora esse tronco pese cerca de sete toneladas métricas, Rolando o processou sem qualquer problema.

Algumas das árvores no limite do talhão são muito grandes. Embora esse tronco pese cerca de sete toneladas métricas, Rolando o processou sem qualquer problema.

Dois forwarders 1075B, comprados no final de 2013, também trabalham em turnos duplos para deslocar a madeira para a beira da estrada para uma produção mensal de 24.000–26.000 toneladas métricas (26.500–28.660 toneladas curtas). Os operadores do forwarder do turno da noite também carregam caminhões porque a carregadeira Tigercat 220D trabalha somente um turno por dia. No total, os forwarders e os harvesters estão acumulando 5000 horas por ano. As máquinas 1075B originais, compradas no final de 2008 e no começo de 2009 e agora implementadas nas operações de desbaste, adquiriram mais de 20.000 horas por unidade. Luis considera os forwarders parte integrante de sua operação e afirma que nenhuma outra marca poderia realizar essa tarefa de modo tão eficiente, observando que a capacidade de carga é maior e a eficiência de combustível mais favorável que qualquer outra máquina que ele já tenha operado.

Protótipo de grua e garra

Quando Luis comprou o segundo conjunto de forwarders, as duas máquinas estavam equipadas com o protótipo de grua da Tigercat. A alta capacidade do F195F85 leva as máquinas para outro nível. “Ainda não realizei os estudos de tempo, mas mesmo com os problemas do dispositivo de rotação, a produtividade é maior”, afirma Luis (a Tigercat também está testando um protótipo de dispositivo de rotação nas duas máquinas). Uma observação superficial pelos engenheiros da Tigercat que observam uma máquina durante um turno mostrou uma produção média de 58 m³ por hora, comparando com a média de longo prazo de Luis relativa às máquinas originais de 45 m³ por hora. O consumo de combustível em máquinas mais antigas é de, em média, 14 l/h, comparado aos 16–17 l/h das novas máquinas. Luis afirma que algumas dessas diferenças podem ser atribuídas ao fato dos novos forwarders fazerem menos carregamentos de caminhões — uma tarefa relativamente fácil.

As toras limpas pesam entre 0,75 e 1 tonelada métrica. Luis diz que o velho forwarder conseguia levantar somente uma tora de cada vez. Se a tora estivesse longe da máquina ou fosse especialmente pesada, o operador teria de arrastá-la na direção da máquina antes de a levantar ou teria de manobrar a máquina para um local mais próximo das toras. As novas máquinas podem manusear facilmente uma só tora e muitas vezes levantam duas toras de cada vez, duplicando eficazmente a produção por ciclo de elevação. Os fatores de garra maior (uma das máquinas também está equipada com o protótipo de garra FG430 da Tigercat) e de maior produtividade nas toras para celulose são igualmente importantes. “Uma máquina realizou 535 carregamentos de caminhão em 23 dias. Isso é cerca de 700 toneladas métricas por dia, além do carregamento de 70 caminhões”, afirma Luis. Parece que, se alguma vez existisse um aplicativo customizado para o 1075B, seria esse.

Luis Achugar com o operador de forwarder Hugo de Canto.

Luis Achugar com o operador de forwarder Hugo de Canto.

Luis controla todos os números e consegue calcular facilmente a produção por pessoa, por máquina, por turno e por litro de combustível consumido. Ele também controla atentamente o tempo de inatividade e o consumo de combustível. Os operadores recebem bônus com base nos critérios de produtividade e tempo de operação da máquina. Todos os operadores são treinados do zero. Embora novos funcionários possam ter experiência na operação de equipamentos agrícolas, Luis não contrata ninguém com experiência prévia em equipamentos de exploração florestal e olha mais para a personalidade ao invés da experiência e das qualificações. Luis elogia constantemente seus operadores enquanto observamos as operações. Enquanto observa o operador de forwarder Hugo de Canto pegando silenciosamente uma carga de toras para serraria, Luis comenta: “Se você não escutar ruídos de ferro, os operadores estão trabalhando corretamente nos forwarders”.

O protótipo da garra FG430 da Tigercat.

O protótipo da garra FG430 da Tigercat.

O supervisor da equipe de corte raso, Marcos de Oliveira, trabalhou com Luis na COFUSA. “Quando lhe falei que estava saindo da empresa, ele disse que iria comigo”, conta Luis. A Dalfey emprega 40 pessoas divididas em três equipes de primeiro desbaste, segundo desbaste e corte raso. A rotatividade dos funcionários é extremamente baixa e é evidente pelas máquinas bem conservadas e pelos interiores de cabine imaculados que os operadores valorizam seu trabalho e os equipamentos.


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